As dietas Low-Carb, Atkins, Zero Carbo, para citar algumas, são artifícios usados para perda de peso, que consiste na redução consistente do consumo de carboidrato, chegando até mesmo a “zerar” sua ingestão, por certo período. Sabe-se que esta é uma estratégia muito utilizada para quem visa o emagrecimento de forma rápida, porém existem algumas consequências desse método a longo prazo.
Os adeptos dessa dieta afirmam que ocorre perda de peso de forma rápida e significativa, porém apenas a alteração do ponteiro da balança não é um sinal positivo de perda de gordura, que é o real objetivo. Boa parte do peso perdido durante a restrição de carboidrato é água! Além de água, dependendo do quão severa for a dieta e sua oferta de proteínas, há também o risco de se perder músculos. Os músculos podem contribuir com boa parte do gasto calórico do metabolismo de repouso, portanto, quanto mais músculos, mais “acelerado” pode ser o metabolismo. Uma ajuda bem-vinda no processo de emagrecimento, não?
Os carboidratos, por sua vez, apresentam diversas características especiais, principalmente quando falamos sobre o desempenho durante o treino e adaptação ao treinamento; e isso não vale apenas para atletas, mas também para desportistas que estão buscando saúde e bem-estar. A capacidade de realizar o exercício físico até o fim, com aquela sensação de missão cumprida e de bem-estar, é realmente favorecida pelos carboidratos, pois ele é o protagonista quando falamos de fornecimento de energia para exercícios físicos de moderado a intenso.
Além disso, os carboidratos são responsáveis por prevenir possíveis lesões durante o exercício e evitar quedas do sistema imunológico. Portanto, restringi-los por muito tempo pode não ser uma boa ideia.
Como combustível essencial ao cérebro, a baixa ingestão de carboidratos pode prejudicar a capacidade de concentração, sensação de cansaço e aumento a irritabilidade. Você não é você quando está com fome? Você não é você quando está há muito tempo sem carboidratos! – eu diria.
Segundo a Diretriz Brasileira de Obesidade, as dietas escassas em carboidratos e ricas em gorduras, especialmente saturadas em colesterol, são também ricas em proteínas animais e deficientes em vitaminas A, B6 e E, folato, cálcio, magnésio, ferro, potássio e fibras. Portanto, requerem suplementação. Podem levar a halitose, dor de cabeça e litíase renal por oxalato, questionando-se a segurança cardiovascular do seu emprego a longo prazo.
A dieta Low-Carb pode apresentar perda de peso relevante a curto prazo, sendo possível manter por no máximo seis meses (restrita), porém deve ser monitorada por um nutricionista, para minimizar perda de tecido muscular, queda na imunidade e consequências cardiovasculares. Deve-se saber que este tipo de estratégia tem data para começar e terminar devido às suas diversas consequências a longo prazo.
Referências
Ministério da Saúde. Guia alimentar para a população brasileira. 2ª ed. 1º reimpressão Brasília – DF. 2014
Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica. Diretrizes Brasileiras de Obesidade. 4ª ed. São Paulo. 2016
PIAIA, C.C; ROCHA, F. Y.; VALE, G.D.B. Nutrição no exercício fisíco e controle de peso corporal. Revista Brasileira de Nutrição Esportiva, São Paulo v. 1, n. 4, p. 40-48, Julho/Agosto, 2007.
Diretriz Da Socieadade Brasileira De Medicina Do Esporte. Modificações dietéticas, reposição hídrica, suplementos alimentares e drogas: comprovação de ação ergogênica e potenciais riscos para a saúde. Rev. Bras. Med. Esporte. v. 9 (2): 43 – 55, 2003.